SARAU 'NISIA FLORESTA"
Sarau da Emeja “Nísia Floresta”
No início deste mês, a nossa escola desenvolveu uma atividade muito interessante que contou com a participação coletiva de professores, alunos e funcionários.
Tal atividade, não surgiu do nada. Pelo contrário, teve toda uma preparação iniciada há alguns meses, com o formador Rafael e o esforço dos professores em desenvolver o tema poesia com os nossos alunos.
Como professora de Língua Portuguesa, posso afirmar que trabalhar o tema poesia não é uma tarefa fácil, visto que os alunos sentem que é preciso ter habilidades para se construir um texto desse gênero. Dessa forma, há certa resistência por parte do educando, quando levamos para sala de aula essa ideia de expressar os sentimentos.
Entretanto, com olhar de orientadora pedagógica percebi a total desconstrução desse paradigma aqui na nossa escola, uma vez que os alunos não só realizaram as poesias, mas sentiram prazer em expressar os seus sentimentos. Além disso, sentiram-se orgulhosos em expor o resultado do trabalho que fizeram.
Como isso pode ser possível? O que possibilitou esta transformação? Da resistência para o encanto?
Talvez eu não seja a melhor pessoa para responder tais perguntas. Porém, o que posso relatar é que todos, professores e alunos, se empenharam em mostrar que seria possível, que o resultado aconteceria e que seria algo espetacular e diferenciado de tudo o que já havia acontecido nesta escola.
Com isso, é óbvio que o trabalho coletivo foi a marca deste evento. Mas, além dessa dedicação coletiva eu percebi amor no que estava sendo construído. Amor à causa e na realização da mesma, independente de qualquer negatividade. Independente, das dificuldades e do cansaço de nossos alunos.
Por que cansaço de nossos alunos? Porque a nossa escola é uma escola de jovens e adultos e nossos alunos são trabalhadores que lutam pelo sustento diário. Além disso, são pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar na idade certa. Enfim, são vencedores, pois só um vencedor para expressar os seus sentimentos com tanta emoção e com tanta comoção, como foi o caso do nosso aluno deficiente visual, o Sr Gildo, que por sinal deu um show de superação ao abrir o sarau com uma poesia que falava das sensações.
Ademais, foi espetacular ouvir de um deficiente visual a descrição detalhada de coisas que estamos acostumados a ver e não valorizamos como deveríamos. Para nós é algo comum, para ele é a sensação da vida.
Outro espetáculo foi a apresentação da FUMEC, com seus alunos cantores e dançarinos interpretando a música “A Vida do Viajante” de Luiz Gonzaga. Que viagem foi essa apresentação! Lembrei-me de tanta coisa e acredito que todos que ali estavam também se recordaram de seu lugar de origem e das amizades que fazemos ao longo de nossas andanças por aí.
Em seguida, o espetáculo foi das recitações dos poemas pelos próprios alunos. Em destaque, o aluno Cleiton que expressou o seus sentimentos, por meio do texto poético e da sua emocionante história de vida.
Logo após, outros alunos declamaram as suas emoções e foram tantas, provocando na professora de Língua Portuguesa um sentimento de comoção pelo espetáculo ocorrido.
Tivemos também, a apresentação do grupo de dança do projeto Savuru, envolvendo a participação alegre dos alunos e dos espectadores que assistiam ao evento. E assim, entre declamações de poesias e a dança o evento foi se realizando até o final, que por sinal, terminou com uma linda confraternização providenciada pela colaboração dos alunos e professores.
Enfim, o evento foi acolhedor e participativo, visto que os alunos foram os protagonistas dessa atividade e isso fez do sarau um espetáculo impactante para todos que ajudaram a desenvolvê-lo.
Jiane
Orientadora Pedagógica